O SAGRADO ENSINAMENTO DE SRI RAMAKRISHNA

 

 

 

39. O filho de um brahmin é, sem dúvida alguma, um brahmin de nascimento. Porém, entre os filhos de brahmines, alguns chegam a ser eruditos, outros se consagram sacerdotes, outros se tornam cozinheiros e há outros que se arrastam pelo chão, ante as casas das cortesãs.

 

40. É certo que Deus reside também no tigre; mas não devemos, por isso, abraçar este animal. É certo que Deus mora até nos seres mais malvados, mas não é apropriado que busquemos sua companhia.

 

41. Narayana (Deus) moras nas águas, mas todas as águas não são boas para beber. Do mesmo modo Deus está em todo lugar, mas nem todos os lugares devem ser visitados pelos homens. Há água que é boa para lavar os pés, outra para fazer abluções e outra que é apropriada para beber. Do mesmo modo há lugares que podem ser visitados, há outros que podemos nos aproximar até uma certa distância e há outros lugares que devemos saudar de muito longe e dizer-lhes adeus.

 

42. Cuide do seguinte: do charlatão, do homem que não é de coração aberto, do que ostenta sua devoção, pegando nas orelhas das sagradas folhas de tulsi, da mulher que leva um grande véu e da água estancada dos pântanos, coberta de espessa vegetação, a qual é muito nociva à saúde.

 

A morte e a reencarnação

 

43. Até o momento da morte, as “almas ligadas” falam de assuntos mundanos. Vão visitar os lugares de peregrinação, banham-se nas sagradas águas do rio Gangá (Ganges) ou passam o rosário, pois se há apegos mundanos no coração, eles se manifestarão, seguramente, no momento de morrer. Daí que, nesse momento, as “almas ligadas” só falam de coisas frívolas. Pode-se ensinar um papagaio a repetir, todo o dia, o santo nome de Radha-Krishna, mas se é atacado por um gato, em seguida emite seu grito natural: “Kña, kña”.

 

44. O homem sofre por sua falta de devoção a Deus. Portanto, ele deve adotar todos aqueles meios que o ajudem a fazer surgir em sua mente pensamentos sobre Deus, no último momento de sua vida. Se um homem cultiva a devoção durante toda a sua vida, seguramente seu pensamento estará embebido de Deus até no momento de sua morte.

 

45. O próximo nascimento do homem está determinado pelo que ele pensa no momento de morrer. As práticas devocionais são, portanto, muito necessárias. Se, pela constante prática, se esvazia a mente de toda idéia mundana e se a preenche de idéias divinas, então a lembrança de Deus não o abandonará nem mesmo no momento da morte.

 

46. Ao se quebrar uma vasilha que não está cozida, o oleiro pode usar a argila para fazer uma nova. Mas se quebrar uma vasilha cozida, seu material já não serve para fazer outra. Do mesmo modo, se uma pessoa morre em estado de ignorância, volta a nascer. Mas se está bem cozida no fogo do verdadeiro conhecimento e ao morrer já é um homem perfeito, não volta a nascer mais.

 

47. Semeando-se um grão de arroz cozido, seguramente não brotará. Mas um grão cru brotará. Do mesmo modo, se alguém morre depois de ter-se convertido em um siddha (homem perfeito) não terá que renascer, mas um asiddha, um homem imperfeito, terá que nascer uma ou outra vez, até se tornar siddha.  

 

O SAGRADO ENSINAMENTO DE SRI RAMAKRISHNA

 

CAPÍTULO II

 

MAYA

 

A MAYA COMO PODER CÓSMICO DO SENHOR.

A MAYA COMO PODER ILUSIONANTE (AVIDYA).

A MAYA COMO PODER QUE LIBERTA (VIDYA).

 

Maya como poder cósmico do Senhor

 

48. A maya é, com relação a Brahman, o que a serpente em movimento é com relação à serpente em repouso. A força em ação é maya, a força em potência é Brahman.

 

49. Como a água do oceano ora está calma, ora agitada em numerosas ondas, assim são Brahman e maya. O oceano em estado tranqüilo é Brahman e em estado turbulento é maya.

 

50. A relação entre Brahman e Shakti (força divina) é como a que existe entre o fogo e sua propriedade de queimar. 

 

51. Shiva e Shakti (a Inteligência e a Energia) são necessários para a criação. Com a argila seca, nenhum oleiro pode fazer uma vasilha; também precisa de água. Assim, Shiva não pode criar sem a ajuda de Shakti.

 

52. Desejoso de ver a maya, certo dia teve uma visão: uma pequena gota começou a crescer de volume e se converteu em uma moça. A moça se converteu em mulher e deu à luz a um menino. Assim que nasceu o menino, a mulher o tragou. Deste mesmo modo, deu à luz a muitos meninos e a todos devorou. Então soube que ela era maya.

53. A serpente não é afetada pelo veneno que tem em suas presas. Mas ao morder uma pessoa, o veneno lhe causa a morte. Do mesmo modo, embora haja maya no Senhor, a Ele não afeta, enquanto que essa mesma maya causa a ilusão do universo inteiro.

 

Maya como poder ilusionante (avidya)

 

54. Certo sadhu (monje) viveu por algum tempo  no templo de Dakshineswar. Não falava com ninguém e passava o dia inteiro meditando em Deus. Um dia, em forma repentina, uma nuvem obscureceu o céu e pouco depois se levantou um ligeiro vento que varreu a nuvem. O sadhu saiu de seu quarto e começou a rir e a dançar. O Mestre lhe perguntou: “Você, que sempre passa os seus dias tranqüilamente em seu cômodo, por que dança e está tão contente hoje?”. O santo homem respondeu: “Assim é o poder de maya que cobre esta vida! Não há, a princípio, nenhum indício dela. De repente aparece no céu sereno de Brahman, criando o universo inteiro e logo é varrida pelo sopro do mesmo Brahman”. 

 

55. Rama, Sita e Lakshmana foram ao bosque durante o desterro. Rama marchava na frente, Sita no meio e Lakshmana atrás dela. Lakshmana desejava poder ver sempre Rama, mas Sita estava no meio, não podia fazê-lo. Então rogou a Sita que se colocasse a um lado e quando Sita o fez, o desejo de Lakshmana foi satisfeito e pode ver Rama. Assim estão Brahman, a maya e jiva (ser individual). Até a ilusão de maya não se colocar a um lado, a criatura não pode ver o Criador – o homem não poder ver Deus.

 

56. Um santo costumava olhar, sorridente, os cristais de uma aranha. A razão de seu sorriso era que, ao ver as variadas cores do prisma – vermelha, amarela, azul, etc. – que eram falsas, pensava que o mundo era igualmente ilusório.

 

57. Hari, colocando uma máscara que representa a cabeça de um leão, assume um aspecto terrível. Aproxima-se do lugar onde brinca sua irmãzinha, dando rugidos. A pequena, surpreendida na sua brincadeira, se aterroriza e foge da presença de um ser tão espantoso. Mas quando Hari tira a máscara, a menina, em seguida, reconhece seu irmão e corre para ele exclamando: “Oh, você é meu querido irmão Hari!”. O mesmo acontece com os homens. Iludidos e atemorizados, cometem toda espécie de extravagâncias, impelidos pelo inescrutável poder de maya ou ignorância, que é a máscara com que se oculta Brahman. Mas quando o véu de maya cai, não se vê Brahman como um terrível e inflexível soberano, mas como o muito bem-amado Ser interior.

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      Emerson Berlanda Astrologia  
      Astrologia & Yoga