Hinduismo & Imortalidade
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Quais os caminhos que o hinduismo nos oferece? | |
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11/04/05
Anônimo
Olá Emerson,
Por estarmos ligados a “linhas diferentes de pensamento”, ainda que estejamos falando de Vedanta, percebo que estamos em desacordo em muitos pontos, não? Nunca ouvi falar deste termo “neo-Vedanta”. Você está usando para falar do Vedanta de Ramakrishna e de Swami Vivekaananda? Me parece ser uma visão mais influenciada pelo Yoga, não? Swami Dayaananda diz que satcidaananda não é um estado, porque, assim como uma experiência qualquer, um estado é sempre limitado pelo tempo, isto é, começa e sempre termina, não é algo constante, ininterrupto. Assim Satcidaananda é a natureza imutável do SER. Quando se fala em “estados”, que são limitados no tempo (o tempo é mais um conceito que está NA CONSCIÊNCIA), fala-se de algo referente ao ser humano: estado de vigília(jagradavasthaa); de sonho svapnaavasthaa) e de sono profundo (sushuptiavasthaa). A natureza do SER, isto é Satcidaananda, embora haja muitos comentários a respeito disso, muitos livros, etc, Swamiji diz que, na verdade, não é um 4º estado, ao que chamamos de TURIYA, porque SATCIDAANANDA, como falei, não é um estado, porque não é escravizado pelo tempo, mas, é a NATUREZA do SER que permeia todos os três estados supra-citados, vigília, sonho e sono. Quando digo que a CONSCIÊNCIA permeia tudo e contém tudo, isto é, tudo está NA CONSCIÊNCIA, porque é ilimitada POR NÃO TER FORMA. Obviamente que a pedra “não fala”, não manifesta características humanas, não “pensa”, etc, mas a mesma e única, ilimitada CONSCIÊNCIA se manifesta tanto na pedra, quanto em nossas mentes e nossos corpos. Não podemos esquecer dos níveis atômicos e sub-atômicos da constituição do universo. As partículas de energias se movimentam no universo, de acordo com essa “inteligência” maior, CONSCIÊNCIA. Devo entender que, quando você usa a frase “estar em Brahman” signifique que está querendo dizer “estar ciente, consciente, compreendendo a NOSSA REAL NATUREZA que nada mais é que o próprio BRAHMAN, o substrato, que é a COSNCIÊNCIA, que não difere de AATMAA,(...)
11/04/05
Anônimo
(...)apenas em relação ao ponto de referência, mas não em termos de essência. Daí entendermos a frase de Srii Krishna.
De fato, todas as palavras são “relativas”. A idéia é usar as palavras de um modo que não nos condicionem ainda mais. Quando dizemos “plenitude”, estamos querendo estabelecer a idéia de permanência, de algo que não esteja condicionado pelo espaço e pelo tempo, isto é, esteja além disso. Portanto, plenitude não pode ser uma experiência, porque a experiência denota algo que é limitado no espaço e no tempo. Daí ser a NATUREZA REAL DO SER, BRAHMAN, nós mesmos. Aquilo que JÁ SOMOS. Não é algo que “seremos”. Já é um fato consumado, só não sabemos disso totalmente, devido a todos os nossos condicionamentos, padrões de pensamento e de crenças, devido à IGNORÂNCIA DE NÓS MESMOS, aquilo a que vc chama MAAYAA, “o poder divino”. Não penso que seja didático falar que “BRAHMAN DEVE SER ATINGIDO”, porque isso só reforça o nosso sentimento de pequenês, de inadequação, de limitação, e que “devemos nos esforçar para atingir” Brahaman (isto é influência SAMKHYA samkhya), ao passo que as escrituras nos dizem “TAT TVAM ASI”, que já somos o ilimitado, que já somos BRAHMAN! Um fato que já é consumado e não está sendo, de fato, vivido conscientemente, precisa apenas ser “cognizado”, compreendido. Indo à questão do Karma Yoga, de fato, concordo que Karma, por si só não vai dar a COMPREENSÃO (prefiro esta palavra do que “realização”), pois Karma Yoga não é um meio cognitivo, não é um pramaana. Karma Yoga realmente vai somente ajudar na PREPARAÇÂO da mente, no sentido de acalmá-la, torná-la um instrumento capaz de receber o conhecimento, sem distorcer os fatos da vida. Karma não é somente ação, mas também, resultado de ação. Karma Yoga é uma atitude nascida da compreensão de que tudo aquilo que fazemos gera resultados e os resultados não podemos controlar (Srii Krishna diz isso na Bhagavad Giitaa), só podemos controlar as nossas ações. Assim, os resultados são dados por Ishvara (Ishvara é karmaphaladataa).
11/04/05
AnônimoTendo esta compreensão, nossa mente torna-se apta a
não distorcer os fatos, temos maiores condições de aceitar as situações
da vida, sem resistência, sem reações impulsivas que gerem mais
sofrimentos. Assim, a mente se acalma, também pela meditação. Meditação
não é Karma Yoga, mas Kriya Yoga, segundo Patañjali, pois também é
TAPAS. (ver SAADHANA PAADA). Kryia Yoga inclui Karma Yoga, pois é YAMA,
NIYAMA, etc...
Não quis dizer que Meditação traz a devoção, no sentido de que “leva à” devoção. Pelo contrário, quis dizer que a Meditação, no sentido de que, para compreendermos a realidade, seja importante como ‘Niddidhyaasanam’, contemplar o ILIMITADO, após receber o conhecimento, e isso já “traz em si”, a própria devoção. A devoção é o papel fundamental que está presente em todas as outras funções realizadas durante a vida, o reconhecimento de que há uma INTELIGÊNCIA que manifesta a tudo, inclusive nossos corpos e mentes, instrumentos para o auto-conhecimento. Um outro ponto que discordo de você, é o de que “purusha tem a consciência plena”. Não, PURUSHA “É” a própria CONSCIÊNCIA PLENA. Penso que, segundo o Vedanta, prakritti dependa de Purusha para existir, isto é, PURUSHA é SAT e prakritti é MITHYAA, não tem existência independente de PURUSHA. Não sei se dá também para dizer que o grau de consciência de prakritti seja zero, porque, como falei, não podemos desconsiderar o movimento atômico e sub-atômico, governados pela INTELIGÊNCIA que tudo manifesta, isto é, a CONSCIÊNCIA. Afinal, átomos e partículas formam seus agrupamentos por afinidades, vibram, têm vida... senão, o que seria de nossos corpos, por exemplo?
11/04/05
MarceliContinuem falando...Está muito proveitoso, mesmo. Emerson, eu também usei
os dois textos que você colocou aqui sobre Vedanta... Vou apresentar
uma síntese desse "sistema filosófico" numa aula de filosofia. Quando
fui procurar material pra me situar quanto à origem e ao conteúdo em
si, fiquei meio perdida... Sobre esses caminhos dos quais vocês estão
falando, sobre os tipos de yoga e os próprios textos vedas... Os
sutras... Inclusive os vários nomes em sânscrito me deixaram meio
confusa.
Vocês estão clareando isso aí, e importa, importa mesmo, pra que a maneira oriental de viver e ver seja respeitada num mesmo patamar que a ocidental. Beijos grandes, Beijo Rodrigo ;-) (Passou lá no meu scrap, nem fui te visitar ainda...) Marceli | |